No frio, moto necessita de cuidados para não se desgastar, motor precisa
 aquecer antes de ser submetido à esforço. Temperatura baixa pode 
alterar reflexos dos motociclistas.
Em boa parte do Brasil, especialmente nas regiões sul, sudeste e 
centro-oeste, a chegada do outono traz consigo uma significativa queda 
nas temperaturas. É a época de tirar do armário o equipamento mais 
pesado para andar de moto sem problemas.
O frio, como todo motociclista sabe, é um inimigo perigoso para a saúde e
 também para a segurança. Depois de um certo tempo pilotando com a 
temperatura do corpo baixa, os reflexos ficam lentos, o raciocínio é 
afetado e perdemos o necessário “jogo de cintura”. Neste contexto, 
cometer erros acaba sendo algo provável até mesmo para os mais 
habilidosos ou experientes ao guidão.
Como escapar dessa armadilha? Óbvio: vestir-se adequadamente, com trajes
 técnicos dotados de proteções, e com forros removíveis, item que pode 
fazer muita diferença.
No outono é normal fazer frio de manhã bem cedo e no fim da tarde, 
enquanto no restante do dia a temperatura pode estar agradável.
Desse modo, as jaquetas e calças com forros removíveis são a melhor solução.
Geralmente os forros que sobram nas horas quentes cabem em uma pequena 
mochila. Um volume a mais, é certo, mas este é o método certo para 
evitar o frio matinal e do fim da tarde, e que você “cozinhe” dentro da 
roupa nas horas quentes do dia.
Moto necessita de cuidados:
Porém, e sua moto? Será que ela exige cuidados maiores nesta estação 
caracterizada por uma grande variação térmica? A lição de casa da 
manutenção bem feitinha é uma das chaves do sucesso para não ter 
problemas, mas há outras dicas também.
Motos pequenas, geralmente refrigeradas a ar, alcançam rapidamente sua 
temperatura de exercício ideal. Honda CG, Yamaha Factor e suas colegas 
monocilíndricas de qualquer marca têm motores extremamente robustos, que
 admitem maus tratos sem problemas.
Dispositivos eletrônicos se encarregam de adaptar a ignição e a mistura 
ar-gasolina para encarar os primeiros quilômetros a frio sem engasgos e 
soluços. Mas o óleo lubrificante demanda certo tempo para conseguir não 
só alcançar sua temperatura ideal de funcionamento, como atingir todas 
as partes do motor.
Depois de algumas horas parado, um motor esfria, e o óleo escorre para o
 cárter pela ação da força da gravidade. Algumas partes ficam 
praticamente a seco de lubrificante. Isso ocorre especialmente no 
cabeçote, onde está o comando (ou comandos) de válvulas e todo o sistema
 de distribuição de um motor. É uma zona delicada, cheia de pequenas 
pecinhas sensíveis.
Apesar da tremenda evolução na qualidade dos óleos e os aditivos neles 
contidos formarem uma película protetora – justamente para evitar o 
acentuado desgaste que um motor frio poderia sofrer se acelerado 
demasiadamente – os primeiros momentos de funcionamento de qualquer 
motor são sempre críticos.
O que fazer? Nada de muito exótico: primeiro de tudo trocar o óleo e o 
filtro seguindo religiosamente os prazos indicados pelo fabricante, 
assim como usar lubrificante de qualidade, com a especificação correta. 
Porém, fará uma baita diferença você dar ao motor ao menos um minuto ou 
dois de funcionamento antes de submetê-lo a esforço – ou seja, sair 
andando. Isso fará com que o óleo circule adequadamente, tendo tempo 
para alcançar todos os componentes.
Após esse pequeno tempo dado para o motor “acordar“, uma vez rodando 
espere ao menos alguns outros minutos – algo entre cinco ou dez já serão
 o suficiente – antes de elevar a rotação. Em baixos giros o estresse 
mecânico é bem menor que quando a agulha do contagiros está passeando 
perto da faixa vermelha. Assim, deixe o motor esquentar girando 
calminho, condição em que o desgaste interno será mínimo mesmo se o óleo
 estiver frio e, portanto, ainda denso demais.
Motos maiores, com motores mais sofisticados, exigem ritual semelhante –
 na verdade, ainda mais cuidadoso. Como comentado, os pequenos motores 
monocilíndricos de 125 ou 150 cc refrigerados ar são espetacularmente 
robustos e admitem maus tratos. Já um tetracilíndrico como, por exemplo,
 o de uma Honda Hornet ou Yamaha XJ6 são engenhos mais sofisticados, 
dotados de um número infinitamente maior de peças móveis e uma 
capacidade de alcançar altas rotações muito superior.
Além disso, em vez do ar, a refrigeração é líquida: por conta disso, é 
ainda mais importante seguir as regras de boa manutenção: usar bons 
fluídos, lubrificantes, trocas frequentes e... um procedimento atento no
 aquecimento antes de acelerar para valer.
Desgaste vem com o tempo
O que acontece se nada disso for feito, ou seja, ligar um motor gelado e
 sair acelerando feito um maluco? Em um primeiro momento, nada: o 
progresso obtido na qualidade dos lubrificantes atuais quanto na 
metalurgia e na engenharia aplicada aos motores (especificação de 
materiais, tolerância nas folgas e tratamentos químicos aplicados às 
superfícies), deixou os motores modernos ultra resistentes aos maus 
tratos.
Um motor frio dificilmente vai quebrar se acelerado a fundo. Mas, se 
esse for um padrão de utilização, todo dia essa mesma tortura, há grande
 chance de ele durar bem menos do que um motor aquecido cuidadosamente.
Então, olho vivo! O tempo esfriou? Tanto você quanto a sua moto vão 
funcionar melhor, e por mais tempo, se a temperatura correta de 
funcionamento do corpo e da mecânica for respeitada adequadamente.
Fonte: Robeto Agresti / G1.
 

 
 
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