Primeiramente é importante observar
 qual é uso que fazemos de nossa motocicleta, ou seja, em via de regra 
os motociclistas em geral utilizam suas motocicletas para trabalho ou 
lazer, e não em competições. Devemos também ter sempre em mente que o 
objetivo final é o de prolongar a vida útil do conjunto de transmissão 
secundário. Na realidade o assunto é muito mais complexo e exige que 
sejam observados todos os itens abaixo.
No entanto, muitos motociclistas que relizam longas viagens, preferem
 simplificar, e simplesmente utilizar "Sprays" para passar óleo na 
Corrente, existem de várias marcas, o mais conhecido é da Motul. Essa 
matéria não visa discutir se é ou não a melhor forma de realizar 
manutenção na corrente, porém, sem dúvida é a mais prática quando 
estamos numa longa viagem.
Qualidade e Modelo do Conjunto de Transmissão Secundário:
Antes de qualquer instrução sobre a manutenção da corrente, é preciso
 observar a qualidade do Conjunto de Transmissão, ou “Relação” como os 
motoqueiros chamam. Esse é o primeiro vértice da historia, pois ou 
compramos um conjunto de boa qualidade, onde iremos pagar mais, 
conseqüentemente a duração também será maior, ou compramos um conjunto 
mais “barato” que conseqüentemente ira durar menos, ou seja, o famoso 
custo / beneficio . Outro fator importante a ser observado é a troca do 
conjunto “original” por outro de relação diferente, pois muitos querem 
que a moto “ande” mais, mas não querem que a corrente se desgaste 
rapidamente, isso é uma utopia. Portanto qualidade e originalidade do 
sistema vão garantir com certeza que consigamos rodar muitos mais 
quilômetros.
Forma de Condução:
Sem dúvida esse é um dos itens mais importantes na conservação do 
conjunto de transmissão, como falamos antes levamos em conta que usamos a
 moto para trabalho ou lazer, e pilotamos de maneira correta e segura. 
Se por exemplo, sempre fazermos nossas arrancadas de maneira esportiva, é
 obvio que de nada adiantara todas as demais orientações. Sem falar 
também que todos os componentes como embreagem, freios, pneus, etc. 
terão sua vida útil reduzida.
Regulagem da tensão da corrente:
A regulagem da tensão da corrente, conhecido entre os motociclistas 
como “esticar a corrente”, é o primeiro fator a ser abordado para a 
conservação de todo o conjunto de transmissão secundaria (Pinhão, 
Corrente e Coroa). Deve-se sempre utilizar a folga própria de cada moto 
especificada pelo fabricante da motocicleta. Como todos sabem cada tipo 
de moto tem sua folga característica, como exemplo pode-se citar as 
motos “ off -road ” que tem a folga maior que as motos “esportivas”. 
Manter a corrente com sua folga devidamente controlada, alem de ser 
importante na conservação do conjunto de transmissão, é responsável 
também pela melhor eficiência na transferência da força motriz para a 
roda. A inspeção da tensão da folga da corrente deve ser feita com a 
maior freqüência possível, fabricantes e mecânicos falam em algo em 
torno de cada 250 a 350 km dependendo do tipo da motocicleta.   
Alinhamento da Corrente:
Outro item muito importante é o alinhamento da corrente entre o 
pinhão e a coroa. O desalinhamento ocorre quando ao trocar o pneu 
traseiro ou regular a folga da corrente deixam-se medidas diferentes nos
 esticadores laterais de corrente. Quando a Coroa e o Pinhão não se 
encontram alinhados, ira ocorrer uma torção na corrente que 
conseqüentemente iniciara um processo de desgaste excessivo na corrente 
coroa e pinhão.
Exame individual de cada componente:
Há alguns anos atrás, não existia o habito de se trocar de uma vez 
todo o conjunto de transmissão, ou kit de relação. Era comum o mecânico 
examinar individualmente: pinhão, corrente e coroa e fazer a troca 
apenas de um deles, hoje se fala em trocar tudo de uma vez caso 
contrario a peça velha estraga a nova. Na realidade esse é um ponto de 
vista discutível. Imagine que você faz a troca de uma só vez de todos 
componentes, mas os componentes não têm a mesma qualidade entre si, 
então, por exemplo, o pinhão se desgasta mais que a corrente e a coroa. 
Nesse caso podemos trocar o pinhão (que é o mais barato) e conseguir uma
 quilometragem um pouco maior dos outros dois componentes. Portanto 
passe a criar o habito de examinar, e também pedir para seu mecânico 
examine, individualmente cada componente do conjunto de transmissão.
Limpeza da Corrente:
Este item é muito polemico, alguns motociclistas e mecânicos 
acreditam que a corrente não deve ser lavada. Na realidade a corrente 
deve ser lavada, e deve-se retirar todo o excesso de lubrificação 
anterior. Esse item é primordial, alguns mecânicos e engenheiros 
ressaltam que antes de lubrificar a corrente, toda “lubrificação suja” 
deve ser retirada. Os produtos utilizados para lubrificar a corrente 
favorecem o acumulo de areia, pó e sedimentos que irão funcionar como 
“abrasivos” que provocam o desgaste por “ usinagem ” do conjunto. 
Portanto somente a lavagem pode contornar esse problema. A polemica é 
gerada principalmente por conta dos produtos utilizados para a lavagem 
da corrente. Não devemos nunca utilizar desengraxantes pesados tipo “ 
Solupam ” eles prejudicam diretamente o metal da corrente. Nem usar 
gasolina pura que resseca os anéis de borracha das correntes mais 
modernas. Quem é partidário do pensamento contrario a lavagem, acreditam
 que produtos como o “querosene” ou “óleo diesel” também ressecam esse 
anéis de borracha, e “em tese” retiram toda a lubrificação deixando a 
corrente “ressecada”, esse problema pode ser contornado acrescentando- 
se sabão liquido ao “querosene” ou “óleo diesel”. Deve-se evitar lavar 
em água com alta pressão, pois a sujeira tende a penetrar entre o pino e
 o rolete da corrente provocando aumento do desgaste da mesma quando em 
uso. A freqüência de lavagem da corrente esta relacionada ao tipo de 
lubrificação e ao local de uso da motocicleta. Quanto mais “ grudento ” 
for o produto utilizado para a lubrificação e quanto mais “terra” a moto
 rodar maior deve ser freqüência de lavagem.         
Lubrificação da Corrente:                
Este é o item mais polemico do estudo, os motociclistas sempre querem
 saber especificamente qual marca de produto deve ser utilizada. 
Infelizmente uma resposta direta dessa forma não existe, acredito que 
nenhum mecânico, engenheiro, ou especialista, tenha um estudo técnico 
completo e detalhado do resultado da utilização de cada produto existe 
no mercado, que leve em conta a durabilidade do sistema de transmissão 
secundário para cada um desses produtos.  Dessa forma optei por fazer 
citações do que acredito que se deve, e o que não se deve usar.
1) Partindo-se do principio que usamos nossas motos para trabalho ou 
lazer, podemos concluir que os produtos utilizados para competições, 
normalmente esses produtos só funcionam em altas temperaturas com 
exigência máxima dos materiais, portanto não serão os mais indicados 
para as motos “normais”, pois eles buscam privilegiar o desempenho e não
 a conservação do sistema de transmissão secundário.
2) Não se deve também utilizar o óleo “sujo” retirado do motor da 
motocicleta, primeiro porque o mesmo é “muito fino” (Sae 20) e segundo 
porque por ele estar usado, já perdeu toda sua viscosidade, não mantendo
 mais suas características lubrificantes, e também porque a mesmo 
encontra-se contaminado com resíduos sólidos.
3) Não se deve usar óleo em spray para lubrificação geral, que são 
vendidos em lojas de ferragens, esses óleos normalmente são “finos” e 
não são indicados para lubrificação de correntes.
4) Não se deve usar também a famosa graxa com grafite, pois a grafite
 alem de agir como abrasivo, ela ira se acumular entre a corrente e 
coroa ou pinhão e com o atrito ira formar “calos” na coroa e no pinhão, 
causando um desgaste irregular, desses componentes.
5) Não se deve também utilizar produtos que secam rapidamente e não 
mantenham suas características lubrificantes, pois com o passar do tempo
 eles se parecem mais com uma “cola” e o pó e a sujeira “grudam” fácil 
neles, por experiência, percebi que com o passar do tempo os mesmos 
ainda deixam os elos “travados” e os conjuntos da corrente com pouca 
flexibilidade.
6) Nenhum engenheiro mecânico aconselha também o uso de graxas em 
geral em correntes, seja qual for à qualidade da graxa, porque segundo 
esses especialistas elas são “grossas” e não penetram no interior dos 
elos da corrente. Tem se observado na pratica que os “ moto-boys ” por 
rodarem muito, e não conseguirem lubrificar com freqüência a corrente, 
acabam optando por lubrificar com graxa e assim conseguem um resultado 
melhor do que deixar o conjunto sem nenhuma lubrificação.
7) Na realidade o produto ideal é o óleo, nesse item é importante 
observar que os fabricantes de motocicletas em geral indicam o uso de 
óleo grosso (Sae 90) para a lubrificação de corrente de motocicletas.
8) Algumas “graxas brancas” encontradas no mercado, segundo informam 
os fabricantes, são na realidade óleo hidrogenado, e após sua aplicação 
com o calor gerado pelo atrito do sistema de transmissão o óleo ira 
“derreter” e então cumprir adequadamente sua função de lubrificar.
Dicas importantes:
1) O que usar: Sempre que um motociclista recebe a confirmação que o 
produto adequado é o óleo, o mesmo imediatamente reclama que o óleo não 
para na corrente e por conseqüência tem que se lubrificar muitas vezes a
 corrente, não se tornando, portanto, muito pratico o uso de óleo na 
lubrificação da corrente. Minha sugestão, baseada na minha experiência 
pessoal que já faço a muitos anos, que não tem nenhuma confirmação 
técnica, mas já vi também muitos bons mecânicos aconselharem essa 
técnica, é acrescentar um pouco de graxa no óleo grosso (sae 90) 
deixando-o mais consistente.
2) Quando Lubrificar: Essa é uma das maiores duvidas encontrada pelos
 motociclistas em geral, em minhas pesquisas em sites, fóruns, etc. 
tenho visto muitos números, a maioria fala em algo em torno de 250 a 500
 km , sendo que os fabricantes em geral recomendam a cada 400 km . Mas 
acredito que a kilometragem não deve ser o principal fator a se 
considerar, deve-se observar outros fatores como: Tipo de uso: só 
estrada, só cidade, etc. Clima dos últimos dias: Muito calor, muito 
frio, chuva, etc. O tipo de local utilizado: Asfalto, Terra, etc. E 
principalmente qual o produto que foi utilizado. Em viagens longas é 
sempre muito bom reforçar a lubrificação, mas lembrando que se a pista 
for de terra, e se não for possível lavar a corrente antes de 
lubrificar, é preferível então não lubrificá-la.
3) Aprendendo a “Ler” a corrente: O mais importante é aprender 
verificar a necessidade de lubrificação com um exame da corrente, que 
deve ser visual e pelo tato. Primeiramente no exame visual deve 
verificar se a corrente apresenta uma coloração de aspecto “úmido” e 
brilhante, não devendo estar sem brilho ou opaca. No exame de tato 
inicialmente deve-se sentir e confirmar se a corrente esta mesmo úmida, 
não devendo estar ressecada. A seguir deve-se colocar a mão no centro da
 área livre da corrente e verificar se a corrente movimenta-se 
livremente para cima e para baixo, não devendo estar “travada” ou com a 
movimentação pesada, ou seja, os conjuntos de elos e laterais devem 
movimentar-se normalmente, a seguir deve-se verificar se os elos estão 
girando facilmente nos seus eixos.    
4) Como Lubrificar: Antes de qualquer coisa é muito importante 
ressaltar que a lubrificação da corrente deve ser feita de maneira 
planejada, acima de tudo deve-se prever um tempo de pelo menos quinze 
minutos para realizar essa tarefa, deve-se estar preparado com roupas 
adequadas, nunca se deve fazer sem planejamento e “correndo” pois esses 
serão os únicos fatores que irão conferir a lubrificação correta e 
adequada da corrente. Novamente cito minha experiência adquirida na 
lavagem, lembrando que corrente não deve estar muito suja, ou seja, com 
muito acumulo de lubrificação antiga, devendo estar razoavelmente limpa,
 caso contrario, a nova lubrificação não conseguira atingir a partes 
internas dos elos da corrente. O ideal é manter a mistura de Óleo e 
Graxa em uma lata com tampa, que quando aberta mantenha as bordas 
livres. Então se deve sentar ou deitar no chão, não tem jeito de fazer 
de outra forma, principalmente nas motos sem cavalete e com corrente 
escondida atrás do escape, lembrando que você vai aplicar na parte da 
corrente que fica abaixo do braço da balança traseira, a seguir com a 
ponta de uma escova de dente retire uma pequena quantidade da mistura, e
 espalhe levemente do lado superior corrente, da entrada do pinhão até 
as proximidades da coroa, após espalhar a mistura, comece a passar a 
escova com mais pressão, para todos os lados, acima e abaixo da corrente
 para que a mistura se espalhe da maneira homogenia em toda a área que 
se esta lubrificando. Para as motos que tem cavalete central basta girar
 pouco a pouco a roda traseira para que uma nova parte da corrente ainda
 não lubrificada apareça, e você repete todo o processo, normalmente 
repetem-se quatro ou cinco vezes até completar toda a corrente. Nas 
motos sem cavalete central (esportivas) a cada parte aplicada, deve-se 
levantar do chão, inclinar a moto sobre o corpo, girar a roda traseira e
 colocar no local adequado uma nova área da corrente a ser lubrificada. 
Nas motos custons , com corrente, ou motos muito pesadas, não tem jeito,
 deve-se a cada etapa andar com a moto para frente até que uma nova 
parte a ser lubrificada apareça.
5) Pouco, mas sempre: Os motociclistas fanáticos pela conservação da 
corrente acreditam que colocando um volume grande de óleo ou graxa na 
corrente ela já estará protegida. Muitos pegam a bisnaga de graxa e 
aplicam uma grande quantidade sobre a corrente de qualquer maneira sem 
espalhar e sem fazê-la penetrar nas partes internas da corrente. Esse 
procedimento , alem de não servir para conservar a corrente, ira fazer 
com que o excesso de lubrificação vá para a banda de rodagem do pneu, 
fazendo o motociclista correr o risco de levar um belo de um chão. Alem 
do mais vai sujar toda a roda, motor e quadro. Se quisermos realmente 
conservar a corrente temos que lubrificá-la com pouco lubrificante, de 
maneira adequada, com bastante freqüência.
Autores: texto por Tomás André dos Santos - 
www.tasnaweb.com. Colaboraram também com esta matéria os amigos: Nicolau
 (Mecânico de motos de Sorocaba), Carlos Alberto (Engenheiro Mecânico 
formado na Fei ) e Roberley (Motociclista).
 



 
 
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