Basta comprar uma moto e pegar uma estrada, certo? Apesar de ter feito exatamente esta dobradinha fundamental, para mim ainda faltava alguma coisa.
E esta alguma coisa era a experiência visceral de uma viagem de moto em seus fundamentos: o destino é a estrada e não o lugar. Afinal não deve haver lugar para ir, deve haver apenas o trajeto. Qual trajeto afinal? Nenhum. Apenas pegue a moto e vá e foi o que eu fiz.
Quando estava saindo, mandei uma mensagem para um amigo de Petrópolis, avisando que passaria por lá. No primeiro abastecimento, já distante do ponto de partida, vi uma mensagem dele de que não estava em casa. Comecei a achar a coisa interessante.
O intento, mesmo com a pouca bagagem, era aproveitar a cidade do companheiro, sua presença e tornar as coisas mais fáceis. Opa! Isso não é visceral! Então o simples fato de ele não poder me receber, tornou a viagem única. E assim me fui. Era uma estrada que ainda não conhecia e desta vez nem verifiquei no mapa possíveis postos de combustível. Estava disposto a enfrentar o que o destino me apresentasse.
Começou a esfriar e o tempo ficara nublado. Adivinha se eu trouxe algo além da roupa que usava: a segunda pele (ok, não tão hardcore), o jeans, a jaqueta, o coturno comum e uma muda de cueca e meias? Isso mesmo, não trouxe. Apenas toalha e sabonete (rsrsrsrsrsrsrs, só faltou o petit gateau).
E nisso me dou conta que nenhum posto de combustível surgiu até agora. Mais de 215km desde a última parada, começo a ficar preocupado. Engraçado que nas outras viagens já estaria dando sinais de precisar da reserva. Vou verificar a torneira de combustível, estava na posição de reserva. Diacho! Tudo bem que estava disposto a tudo, mas rezei para não ter pane seca.
Finalmente o posto no início do RJ. O frentista me pergunta se também vou a Rio das Flores, já que havia um encontro de motos lá. Nem sei onde fica a cidade. Como se chega? Ah, volta até a divisa com MG, pega a saída, depois mais 50km na estrada vicinal. Parecia uma boa idéia e tinha tudo a ver com o objetivo do fim de semana.
Só que queria ver Petrópolis assim mesmo, voltaria em seguida para a tal Rio das Flores. O frio começou a incomodar na região serrana de RJ. Cheguei ao centro histórico de Petrópolis e achei um tanto bucólico. Pensei novamente sobre o encontro em Rio das Flores ou se desceria mais um pouco e em seguida emburacasse para SP.
Resolvi ir para o encontro, fiz meia dúzia de contas e fui sem reabastecer. Peguei a tal saída na divisa com MG. Já era fim de tarde. Agora ao frio, somou-se o lusco-fusco e uma garoa. Basta botar capa de chuva. Qual? Esqueceu que não trouxe? Sim, neste momento senti o espírito da coisa. Somente eu e dona stefânia, num lugar desconhecido e em condições adversas e novamente o risco de pane seca. Motociclismo de verdade.
Consegui chegar a Rio das Flores. No posto me aproximo de outros motociclistas. E o tal encontro, onde é? Tem pousada aqui perto? Olharam para mim e perguntaram atônitos:
- Mas você está sozinho?
- Uai, estou.
- Veio de onde?
- Estou rodando desde ontem, comecei em Mariana, fui a Bhz, sai para a Estrada Real, passei ali em Petrópolis e me deram a dica desse encontro aqui.
- Você é doido?
- Não, sou motociclista.
Nossa risada foi sensacional. Estava finalmente batizado.
maneiro irmão!
ResponderExcluirquando voltar pela região aqui me avise!
moro em tres rios rj e vai ser bom te conhecer.
at
juliano